quinta-feira, 26 de abril de 2018

Investir em Ações do Banco Inter: Oportunidade ou Furada?


O ano de 2018 talvez simbolize uma virada (tímida) da economia brasileira, estamos começando a sair do buraco, e crescimento econômico traz consigo uma nova onda de IPOs. Se você não sabe o que é IPO, essa é a sigla, em inglês, para Oferta Pública Inicial de ações, ou seja, é o ato de uma empresa abrir seu capital na bolsa de valores.

Esse ano tivemos ou teremos alguns estreantes bem interessantes na bolsa, e um deles é o nosso querido Banco Inter, o amigo de todo investidor, pois permite que façamos transferências para nossas corretoras sem cobrar taxas por isso. Aliás, essa é uma das principais estratégias do banco, atrair clientes isentando-os da cobrança de taxas de manutenção de conta, TED e cartão de crédito.

O grande diferencial do Banco Inter é o fato de ser um banco digital: todo atendimento, abertura de contas, investimento, contratação de serviço é feito pela internet. Num mercado bancário tão tradicional e concentrado como o nosso, em que apenas alguns bancos dominam a cena e acumulam reclamações e insatisfação de seus clientes, o Banco Inter encontra um cenário ideal para abocanhar uma fatia do mercado.

Não à toa o banco informa que está atualmente com a impressionante marca de, em média, 2.700 contas abertas POR DIA. Isso é muita coisa, é uma taxa impressionante de aquisição e novos clientes. Esse crescimento cresceu exponencialmente em 2017, quando o número de clientes saltou de 80 mil para 379 mil.

Olhando sob essa perspectiva o Banco Inter parece um ótimo prospecto mas vamos refletir um pouco: se a proposta do banco é não cobrar tarifas, como ele faz para ganhar dinheiro?

Obviamente que em uma instituição financeira as tarifas são apenas uma das fontes de receita. Como o Banco Inter não possui todo o custo de manter uma estrutura de agências, é razoável que abra mão de algumas receitas para se diferenciar da concorrência. Dessa forma, outras fontes de receitas podem dar os resultados que o banco espera como a concessão de empréstimos e financiamentos. Vamos então fazer uma Raio-X da carteira de crédito do Banco Inter:

Os principais produtos do banco são crédito imobiliário, crédito pessoal e crédito para empresas na seguinte proporção:


Observa-se que nos últimos 3 anos, o crédito imobiliário foi o grande filão do banco e o principal responsável por seus resultados, representando mais de 50% da carteira de crédito. Isso provavelmente remonta às raízes do banco, que pertence ao mesmo grupo familiar proprietário da MRV Engenharia e que fundou o banco em 2008 justamente para atuar no segmento de operações de crédito imobiliário.

Se o crédito imobiliário é tão relevante no Banco Inter resolvi então simular uma contratação desse tipo de financiamento para verificar se, realmente, o Banco tem algum diferencial nessa área e as características do CredCasa, apelido do financiamento imobiliário do Banco Inter, são as seguintes:


Sinceramente, eu não vi muito diferencial nisso, pelo contrário, achei os juros bem elevados: 0,83% a.m daria uma taxa anual de 10,43% e projetando-se um IPCA de 4%, teríamos uma taxa de juros de mais de 14% ao ano. Isso considerando um IPCA controlado, mas todos sabemos que no Brasil, o IPCA pode subir e descer de forma bem exponencial, gerando mais um risco para o tomador de um empréstimo vinculado ao IPCA, principalmente levando em conta que trata-se de um empréstimo de longuíssimo prazo.

Ai eu me pergunto: se nós temos ai no mercado grandes players trabalhando com taxas de, em média, 9% a.a + TR (que varia muito pouco), por que alguém contrataria um financiamento custando 14% a.a e se sujeitando ao risco de variação do IPCA?

Provavelmente essa carteira de crédito imobiliário do Banco Inter seja fruto da estreita ligação com a MRV Engenharia, pois com essas condições acima, dificilmente o Banco conseguiria ter um diferencial competitivo no mercado.

Portanto eu não investiria no Banco Inter buscando ter em minha carteira um player relevante do mercado imobiliário, na verdade não se trata aqui de investir numa instituição financeira com resultados consolidados, mas sim em uma aposta, uma aposta que o Banco Inter conseguirá mudar o perfil do seu portfólio, aumentando receitas provenientes de outras fontes como seguros, cartões, crédito pessoal e crédito a empresas.

A enorme e impressionante captação de clientes em 2017 mostra que o Banco Inter tem a faca e o queijo na mão para crescer muito, além disso, o Banco declara que pretende destinar os recursos levantados no IPO para incrementar suas operações de crédito, investir em tecnologia, investir em marketing e expandir os negócios por meio de aquisições estratégicas. Portanto aqui o banco já dá uma dica: talvez a diversificação da carteira de crédito se dê por meio de aquisições de outros players.

A verdade é que, no fim das contas, ao investir no Banco Inter se está confiando que o Banco fará o que não fez antes, aquisições estratégicas e diversificação de receitas e da carteira de crédito, pois se for para esperar investir num player do mercado de financiamento imobiliário, não vejo um futuro tão brilhante assim para o Banco.

Abraços,

Senhor Ministro

quarta-feira, 18 de abril de 2018

MFII11: A Caixa-Preta dos Fundos Imobiliários


Vamos conversar um pouco sobre aquele FII que é igual ao Big Brother Brasil, todo mundo fala mal, diz que não presta, mas já está na sua 98372ª edição, e possivelmente dando boa audiência, ou seja, é o FII com mais haters no mercado mas que não para de crescer, é isso mesmo senhores, o papo hoje é sobre Mérito Desenvolvimento Imobiliário, também conhecido como MFII11.

Apesar de eu ter participação nesse FII, vou procurar fazer uma análise isenta, sem tentar justificar meu investimento, mas tão somente comentar a situação do fundo na minha percepção pessoal e, claro, receber a opinião dos leitores. Até porque, se eu entender como mais adequado, basta um clique para eu me desfazer dos meus ativos nesse fundo.

Vamos começar dando uma olhada na "fuça" do gestor do fundo, o Sr. Alexandre Despontin, um jovem pródigo, engenheiro aeronáutico formado no ITA em 2010 e que em 2012 fundou a Mérito Desenvolvimento Imobiliário.

Qualquer semelhança com Harry Potter é mera coincidência

Agora vamos falar do fundo propriamente dito. O MFII11 é um fundo de desenvolvimento imobiliário, ou seja, a atuação dele é semelhante a uma incorporadora/construtora, diferente dos fundos "normais" de aluguéis, ele atua adquirindo terrenos, aprovando projetos e vendendo unidades, portanto tem uma movimentação financeira bem maior e bem menos previsível que os fundos de aluguel. Os riscos desse tipo de FII também são maiores pois o fundo assume todo o risco da incorporação e desenvolvimento do projeto imobiliário. Logicamente que os potenciais ganhos também superam os FII convencionais.

Hoje o fundo tem em sua carteira 15 projetos imobiliários em diferentes fases (veja aqui e aqui), alguns já estão 100% concluídos e vendidos, apenas restando ao fundo receber os valores que foram financiados aos compradores das unidades, outros projetos estão com obras em andamento e outros ainda estão em fase de pré-lançamento, ou seja, ainda na fase de aquisição e regularização do terreno. O ciclo de desenvolvimento imobiliário da Mérito é o seguinte:



O fundo pode entrar em um empreendimento em qualquer uma dessas fases, podendo, inclusive adquirir um empreendimento 100% concluído e vendido, restando apenas administrar os recebíveis dos clientes financiados, como é o caso do projeto Vila Ferrara, recém adquirido em Ubatuba/SP.

Cada um desses projetos é tocado pelo fundo em conjunto com um parceiro, para isso é constituída uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), ou seja, uma empresa específica para tocar a empreitada. Nesse relatório constam alguns detalhes de todos os projetos.


Agora vamos às polêmicas! 

Por se tratar de um fundo de desenvolvimento, com projetos nas mais diversas fases e com fluxos de caixa inconstantes, seria normal esperar uma grande flutuação na distribuição de proventos aos cotistas, até mesmo uma distribuição trimestral ou semestral, dada peculiaridade da atuação do fundo. No entanto, o fundo vem distribuindo religiosamente R$ 1,18 por cota todos os meses, um Dividend Yeld mensal de 0,9% (considerando o valor da cota hoje), se enquadrando no Top 5 dos FII com maior DY na bolsa.

E quando a esmola é demais, o santo desconfia né! O investidor começa então a se perguntar: "Se os projetos estão em fases diferentes e o fluxo de caixa é inconstante, de onde está saindo esse dinheiro para fazer distribuições mensais tão generosas? Qual projeto está contribuindo financeiramente para isso?"

Polêmica nº 1 - Falta de Transparência


A resposta é: não sei e ninguém sabe, simplesmente porque o fundo não divulga essa informação. O fundo não divulga os balanços das SPE's de cada projeto, portanto não é possível saber qual projeto está gerando caixa, qual projeto está queimando caixa, qual projeto vai bem, qual projeto vai mal, qual projeto está endividado, etc.

Também não são divulgados os contratos dessas SPE, onde deve constar, por exemplo, que tipo de acordo o fundo fez com o parceiro, quais as responsabilidades e parcelas de ganho de cada parte no empreendimento, etc.

Em entrevista ao Professor Baroni, da Suno Research, o Sr. Alexandre "Harry" Despontin "Potter" informou que o fundo criou uma holding para gerenciar todas as SPE, que os balanços das SPE estão em processo de auditoria, e que, após isso (previsão para Maio/2018) vão estudar como apresentar os resultados das SPE.


Polêmica nº 2 - Queima de Caixa e Esquema Ponzi (Pirâmide)


Mas afinal, de onde saiu a grana para pagar as generosas distribuições? De acordo com informação confirmada pelo próprio gestor, as atuais distribuições estão sendo feitas às custas de parte dos recursos arrecadados na última emissão de cotas, ou seja, o fundo está pagando proventos não com os resultados das suas operações, mas com parte do dinheiro investido pelos recém ingressos.

(para quem não lembra o MFII fez uma emissão, muito bem sucedida, em que se pagava R$ 110,00 por cota, sendo a cota no valor de R$ 100,00 e os outros R$ 10,00 de taxa. São justamente essas taxas que estão custeando as atuais distribuições)

Estima-se que esses recursos irão acabar em meados de junho ou julho de 2018, e ai vem a questão: após "queimados" os recursos da última emissão, o fundo tem condição de continuar pagando os mesmos rendimentos? Na entrevista que supracitei, o gestor disse que sim, que a Holding já tem resultados suficientes para continuar com as distribuições de proventos, PORÉM, como não há transparência dos resultados das SPE, não é possível saber se essa afirmação é verdadeira.

E ai os mais desconfiados começam a levantar a possibilidade de ser um esquema de pirâmide, em que os pagamentos da renda dos atuais cotistas vão sendo custeados pelos recursos dos novos cotistas (emissões). Eu não acho que seja o caso, mas tem gente que defende isso. Se em junho ou julho o fundo vier com outra emissão sem explicitar os resultados da holding, ai sim a coisa vai ficar feia.

Conclusão

O que se percebe é que o MFII11 não se trata de um fundo imobiliário qualquer, é na verdade um fundo que carrega uma certa complexidade de análise pois se assemelha muito mais a uma construtora/incorporadora e, como tal, está sujeito a muitos riscos inerentes ao processo de construção e venda de imóveis (flutuação de preço dos insumos, falha de premissa no planejamento orçamentário, riscos técnicos e legais, distratos e inadimplência, etc). Além disso, como os investidores em ações já estão cansados de saber, o setor de construção civil é cíclico, de forma que é impossível esperar que esse fundo entregue uma renda perene por muitos e muitos anos.

Por outro lado, como todos devem imaginar, construir e vender um imóvel é muito mais lucrativo do que comprar um imóvel para alugar, e se o fundo for competente em fazer isso, vai gerar retornos extraordinários para seus cotistas.

Portanto o MFII11 é um FII que, se bem gerido, pode ser muito rentável, porém, demanda acompanhamento mais ativo do investidor pois eventual descasamento do fluxo de caixa (causado por n fatores, desde imprevistos nos projetos até desaceleração econômica no país) pode comprometer a saúde financeira do fundo. E, para que o investidor possa fazer esse acompanhamento, é essencial que o Gestor aprimore a transparência dos resultados das SPE, pois do jeito que está hoje, o investidor não tem outra opção senão confiar cegamente na gestão.

Abraços,

Senhor Ministro

contato: mininvestimento@gmail.com

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Enriquecimento e Sensação de Injustiça Com os Pobres


Esses dias estava lendo alguns blogs, especificamente o blog Clube dos Poupadores, que é um blog de finanças não anônimo e mais mainstream, e que, portanto, não tem algumas liberdades que nós aqui dos blogs independentes temos.

Esse blog fez uma postagem sobre "como juntar dinheiro", artigo bem interessante, mas o que chamou a atenção mesmo foi um dos comentários, que embora expresse tão somente a opinião pessoal do comentarista, reflete o pensamento de muita gente e uma certa doutrinação comunista ainda forte no Brasil. Vejamos então o comentário:



Doar dinheiro para reduzir a sensação de injustiça por enriquecer em detrimento dos pobres....

Fazia tempo que eu não lia tanta besteira. Nada contra fazer doações, inclusive a maioria dos grandes capitalistas e bilionários doam muito dinheiro mas a questão aqui é outra...o que me chama a atenção (negativamente, claro) é esse constrangimento e pesar por enriquecer, como se fosse algo errado, como se o enriquecimento de alguém fosse a causa direta da pobreza de uma multidão, uma visão típica comunista.

A verdade é que, independente da corrente filosófica, tem muito brasileiro que nutre o sentimento de que os ricos são pessoas más, que enriquecem às custas de roubalheira, corrupção ou da exploração escravocrata do trabalho alheio. Outros dizem que dinheiro não compra felicidade, que preferem ter tempo ao invés de dinheiro, que a ganância é pecado, que não devemos focar nossa existência na obtenção de bens materiais.

São inúmeras as desculpas que as pessoas arranjam para racionalizar o simples fato de que não são capazes de acumular capital e enriquecer. A realidade é que todo mundo gostaria de ter mais dinheiro, mas poucos estão dispostos a fazer o que é preciso para conseguir isso e ai entoam as desculpinhas que citei no parágrafo anterior.

Todo mundo conhece ou já conheceu um "João Silva" da vida. Abrir os olhos dessas pessoas é tarefa bem complicada na maioria das vezes, mas, no mínimo, devemos usá-los como exemplo de como não lidar com o dinheiro.

Abraços,

Senhor Ministro

Contato: mininvestimento@gmail.com



quarta-feira, 11 de abril de 2018

Escândalo: M. Dias Branco Envolvida na Lava Jato. Oportunidade ou Ameaça?


É senhores, se tem uma coisa que a Lava Jato tornou (e ainda está tornando) explícita para o Brasil é a relação promíscua entre iniciativa privada e poder público. Grandes empresários, com grandes histórias de vida, donos de patrimônios bilionários flagrados em relações espúrias com agentes políticos.

As empreiteiras são o caso mais clássico pois sobrevivem de prestação de serviços ao poder público, por isso estão muito mais expostas à corrupção e negociatas diversas. Mas hoje, dia 10/04/2018, a Polícia Federal, no bojo da Operação Tira-Teima, cumpriu mandado de busca e apreensão em Fortaleza, na sede de uma das empresas que eu mais respeito (ou respeitava): M. Dias Branco (MDIA3). A suspeita é que a companhia esteja envolvida em pagamentos de propina para o senador Eunício Oliveira, atual presidente do Senado, ou seja, a coisa ainda vai esquentar!




Se você não conhece, a M. Dias Branco é a maior fabricante de massas e biscoitos do Brasil e uma das maiores do mundo. É uma companhia com história muito interessante, que começou em 1936 quando o português Manuel Dias Branco inaugurou em Fortaleza a “Padaria Imperial”. A M. Dias Branco já está na sua 3ª geração de sucessão familiar com sucesso.

Ainda não se sabe muitos detalhes sobre essa operação, mas porra, ninguém tá limpo nesse país. Empreiteiras (Odebrecht e cia), indústria farmacêutica (Hyper Pharma), concessionária de rodovias (Ecorodovias), indústria de massas e biscoitos (M Dias Branco), empresas de carne (BR Foods, JBS e cia.),  bancos (Santander, Safra e Itaú), e por ai vai, todos envolvidos em operações policiais relacionadas à corrupção passiva e ativa.

Isso mostra que esse Estado dominante sobre a iniciativa privada não é sustentável, alimenta a corrupção e prejudica a livre concorrência.

Mas voltando a falar da M. Dias Branco...me corrijam se eu estiver errado, mas trata-se de uma das melhores companhias listadas na Bovespa, com resultados excelentes nos últimos anos, crescimento constante e ganhou especial destaque com a recente aquisição da Piraquê, o que irá contribuir para maior penetração nos mercados do Sul/Sudeste. Venha falando dela há tempos, inclusive.

Tudo isso fez com que a cotação de suas ações tenha obtido crescimento significativo nos últimos tempos, principalmente do início de 2016 pra cá. Recentemente a ação chegou a superar os R$ 60,00. Porém com toda essa agitação relacionada a essa operação policial, a MDIA3 fechou o pregão com queda de 4,4% cotada a R$ 47,15. 

A verdade é que a companhia foi lançada no "seleto" rol de envolvidas em escândalos de corrupção, porém seus resultados e fundamentos não mudaram, continuam ótimos. Dito isso, seria essa uma oportunidade para comprar na baixa, apenas observar aguardando mais informações ou se preocupar efetivamente com o futuro das ações e da própria companhia?

Eu sinceramente estou bem propenso a acreditar que se trata de uma boa janela de oportunidade de compra, e você?

Abraços,

Senhor Ministro

Contato: mininvestimento@gmail.com



segunda-feira, 9 de abril de 2018

A Bolsa de Valores é Um Campo Minado!

Recentemente estive conversando com dois amigos sobre investimentos. Os dois não se conhecem, inclusive moram em estados diferentes, um é servidor público de alto escalão, o outro é médico, mas tem uma coisa em comum: ambos estão decepcionados com os resultados da renda fixa, dada às quedas constantes da Taxa Selic, e estão avaliando migrar seus investimento para a renda variável. Como em algumas oportunidades eu já havia comentado que investia na bolsa, eles vieram conversar comigo sobre o assunto.

O que eu achei mais curioso é que embora esses dois amigos sejam pessoas muito bem instruídas e com remuneração bem acima do padrão brasileiro, ambos nutrem um sentimento verdadeiro que a bolsa de valores é um verdadeiro campo minado, lugar inóspito, povoado por veteranos de guerra, em que um passo em falso pode levar à explosão de uma mina terrestre.

E se você tivesse que atravessar um campo minado, optaria por fazer isso sozinho, arriscando a sua vida, ou preferiria contratar um militar especializado, com anos de treinamento e experiência de campo, para te ajudar no trajeto? A segunda opção, logicamente!

Não sei se você sacou a analogia, mas os meus amigos acreditam que a bolsa é um lugar perigoso, que investir sozinho não é recomendado, que fazer isso é muito arriscado sendo o prejuízo um destino quase certo. Nesse caso, eles acreditam que a decisão mais sensata é investir em fundos de ações, pois contam com profissionais especializados, que saberão fazer as melhores escolhas.

Por um lado, eu tenho que concordar que, de certa forma, a bolsa brasileira é um grande campo minado. Só para ilustrar, das 410 empresas listadas, 110 (27%) apresentaram prejuízo no último resultado. Sem mencionar as várias outras que embora tenham lucro, não inspiram nenhuma confiança. A verdade é que tem muita tranqueira na Bovespa, o universo de empresas sólidas listadas é muito pequeno, talvez algo em torno de 10% do total seja de empresas que "prestam".


Entretanto, a diferença para um campo minado de verdade, é que na bolsa é muito mais fácil identificar e fugir das bombas. Sinceramente, com um ou dois meses de estudo, lendo os livros certos e lendo os blogs certos, qualquer um é capaz de investir na bolsa com alguma desenvoltura, sem muita firula e sem muita tecnicidade. Lógico que sempre vão aparecer aqueles mais "avançadinhos" falando de valuation, fluxo de caixa descontado, dividendos descontado, modelo de Gordon, alpha, beta, suporte, resistência, média móvel, candle, etc. No fim das contas, o que importa é investir em boas empresas e isso não é lá tão difícil de fazer.

O brasileiro em geral ainda tem muito medo da bolsa e mesmo quando decide superar esse medo, acaba fazendo isso de forma parcial, confiando seu investimento nas mãos de um gestor de fundos, o que nem sempre é a melhor opção, por mais ilógico que isso possa parecer. É como diz Peter Lynch:

Os gestores de fundos não podem relaxar porque o jogo é disputado o ano todo. As vitórias e derrotas são revisadas a cada 3 meses por clientes e chefes que demandam resultados imediatos. Há uma regra que não está escrita em Wall Street: você nunca perde o seu emprego perdendo o dinheiro do seu cliente na IBM. Se você perder dinheiro na IBM seus clientes vão pensar "o que há de errado com a IBM?". Se você perder dinheiro numa small cap promissora, seus clientes vão pensar "o que há de errado com você?".  

Abraços,


Senhor Ministro

Contato: mininvestimento@gmail.com


segunda-feira, 2 de abril de 2018

Atualização Patrimonial Março/2018 (Estréia de FII na Carteira) - R$ 238.351,48 (+ 1.282,72) e Rentabilidade (- 0,52%)



Mês de março finalizado, mais um mês vencido na conta da independência financeira. Sem mais delongas, vamos a um breve destaques do mês, em seguida para a discussão da carteira propriamente dita, esse mês tem estreia na carteira de fundos imobiliários, detalhes mais a frente...

BLOG

Esse mês a plataforma do blogger me mostrou uma novidade muito interessante em relação ao blog, mais especificamente nas estatísticas de origem do tráfego: em março, o Google foi o maior provedor de tráfego para o blog!

Geralmente as pessoas que nos visitam e nos leem são oriundas de outros blogs de finanças, mas esse mês o tráfego de pessoas vindo de fora da finansfera foi bem interessante, o que, de certa forma, demonstra o crescimento do blog, algo que me deixa bem feliz, muito embora tal crescimento não tenha significado ganhos adicionais de adsense (que continuam quase insignificantes e, de qualquer forma, não é o meu foco aqui).

CARTEIRA

Aporte do mês:

R$ 3.226,48

Movimentação de Patrimônio:

Inicialmente fiz uma movimentação de R$ 10 mil, tirando esse montante da poupança e transferindo para um CDB 100% CDI, de liquidez diária, do Banco Inter. Pretendo fazer o mesmo com mais outros R$ 10 mil ao longo do mês de abril. O motivo é que além de o CDB estar rendendo mais que a poupança, os recursos já ficam prontos para serem transferidos para a renda variável, em caso de grandes oportunidades com o período eleitoral (que acho cada vez mais difícil que isso aconteça).

Aquisições:

Esse mês o aporte foi totalmente direcionado para os fundos imobiliários, mais especificamente para uma categoria específica de fundos: fundos de recebíveis, reforcei minha posição em KNIP11 e montei posição em VRTA11, totalizando 21 cotas de cada.

Vejo o momento interessante para os fundos de recebíveis uma vez que com a Taxa Selic e a inflação em baixa, esse fundos tendem a perder a atratividade e cair de preço, de forma que estão sendo negociados muito próximo de seu valor patrimonial. Esses dois fundos em específico estão particularmente expostos à inflação, que está em patamares muito baixos agora, mas há uma expectativa de aumento para os próximos meses, o que pode retornar um bom yeld.

Em relação ao VRTA, ainda houve um certo frisson (negativo) pela saída de seus principais gestores que migraram para o Iridium (IRDM11), mas trata-se de um fundo com uma carteira já montada e consolidada, não vejo motivos para preocupação.

Carteira:



Em relação à carteira, fiz um ajuste no valor do imóvel. Eu estava considerando o saldo devedor do financiamento de forma errada. Feito o devido ajuste, o valor desse item na carteira diminuiu em cerca de R$ 1.900,00, o que, obviamente, impactou o crescimento do valor total da carteira nesse mês.

A rentabilidade da carteira foi a seguinte:



Esse foi um daqueles meses em que o dinheiro guardado debaixo do travesseiro teria sido mais vantajoso, mas sem alarde, rentabilidades negativas fazem parte da caminhada. Como se pode ver na tabela acima, os grandes vilões do mês foram as criptomoedas, com a "singela" queda de 30% e as ações que também recuaram forte, fechando com queda superior a 5%.

As carteiras de ações e FII fecharam o mês assim:



Maiores quedas do mês: MDIA3 (-14,8%), CIEL3 (-14,3%) e GRND3 (-3,8%)

Maiores altas do mês: GRLV11 (+12%), ABEV3 (+8,6%), MFII11 (+6,5%)

Detalhe que CIEL e GRND figuram entre as três piores quedas do mês pelo segundo mês consecutivo...

Por enquanto é isso!

Abraços,

Senhor Ministro