terça-feira, 6 de junho de 2017

A Blogosfera Está Disseminando Uma Mentalidade de Pobreza?



Meu trajeto de casa para o trabalho dura entre 20 e 30 minutos, depende do trânsito, portanto passo, por dia, de 40 a 60 minutos dentro de um carro. Nesse tempo ao invés de ficar ouvindo a programação deprimente das rádios locais, costumo ouvir cursos, audiolivros, podcasts, etc. principalmente de finanças e empreendedorismo. Se você não faz isso, recomendo fortemente que o faça. O trajeto casa-trabalho-casa é um tempo precioso para o aprendizado.

Esses dias estava ouvindo o audiolivro "Os Segredos das Mentes Milionárias" de T. Harv Eker. Eu já li esse livro há uns 3 anos, mas é engraçado que a medida que amadurecemos, passamos a digerir a mesma informação de forma diferente. Por vezes nos vemos frente a livros ou ensinamentos que podem mudar nossa vida, mas ainda não estamos em um nível de maturidade suficiente para compreender isso.

Pois bem, esse livro traz muitos ensinamentos valiosos sobre finanças sob a forma de 17 "Arquivos da Riqueza". Cada arquivo traz um ensinamento e a cada arquivo que eu ouvia, invariavelmente fazia um comparação com minhas atitudes pessoais e atitudes em geral que acompanho de pessoas conhecidas e da Blogosfera de Finanças. O que me deixou feliz é que muitas das minhas atitudes estão convergindo para ter uma "mente milionária", assim como a Blogosfera de Finanças também está muito alinhada com os ensinamentos de T. Harv Eker.

Entretanto, um desses arquivos me deixou muito intrigado, que é o que diz: "As pessoas ricas entram no jogo do dinheiro para ganhar. As pessoas de mentalidade pobre entram no jogo do dinheiro para não perder".

Nesse ponto o autor fala que a principal preocupação da maioria das pessoas é a sobrevivência e a segurança, e não a conquista de riqueza e abundância. O autor afirma que a   meta   das   pessoas   verdadeiramente   ricas   é   ter   grande   fortuna   e   abundância. Não apenas algum dinheiro, mas muito dinheiro, enquanto as pessoas de mentalidade pobre querem ter apenas dinheiro suficiente para pagar as contas em dia. Em um trecho o autor destaca o seguinte: "Se o seu objetivo é ter algum conforto, é provável que você nunca fique rico. Mas, caso a sua meta seja enriquecer, é provável que você alcance uma situação ricamente confortável".

Lendo/Ouvindo isso, fiz um paralelo imediato com a Blogosfera. Nos diversos blogs que leio e/ou acompanho percebo que o grande objetivo dos blogueiros é alcançar a independência financeira por meio de investimentos que retornem rendimentos passivos, ou seja, ter rendimentos financeiros suficientes para pagar as contas e assim ter a liberdade de trabalhar se quiser e com o que quiser. Ao mesmo passo, prega-se a racionalização dos gastos, a famosa frugalidade, pois quanto menos despesas, mais rapidamente os rendimentos financeiros podem suportar o estilo de vida desejado.

Comparando-se a filosofia da Blogosfera com o que está descrito no livro "Os Segredos das Mentes Milionárias" fica óbvia a contradição: 

Estamos buscando "algum conforto e segurança" ou estamos buscando "riqueza, muito dinheiro e abundância"? 

A filosofia blogosferiana trata apenas de juntarmos um punhado de dinheiro para vivermos confortavelmente ou trata de sermos verdadeiramente ricos? 

Estamos disseminando uma mentalidade rica ou pobre?



Eu sinceramente estou sentindo falta de troca de conhecimentos que disseminem riqueza, basta verificar a grande quantidade de postagens que vemos por ai a respeito de "cortar despesas", em detrimento da abordagem superficial em relação a "aumentar receitas". Afinal, se queremos uma vida superavitária financeiramente, podemos olhar para as duas metades do copo, a da despesa e da receita e trabalhar cada uma à sua maneira. Por que não minimizar despesas ao mesmo passo em que se maximizam receitas?

Talvez o pensamento inicial seja que cortar despesas é mais fácil pois é algo que está a nosso alcance imediato: podemos cortar a TV a cabo e assistir mais Youtube ou Netflix, podemos chamar a diarista menos vezes e nos esforçarmos mais na limpeza da casa, podemos vender o carro e andar de ônibus, etc. Já no lado do aumento de receitas acreditamos que seja algo que não está sob nossa governabilidade: depende do chefe, da empresa, do mercado, dos clientes, da economia, etc. Mas será mesmo que é algo que foge totalmente da nossa governança ou só estamos arranjando desculpas para evitar o sofrimento que é necessário para a obtenção de mais receitas?

Isso traz ainda mais questionamentos especificamente em relação aos assalariados, como eu. Logicamente a nossa capacidade de gerar receitas com nosso salário tem um limite, que é o que o empregador está disposto a pagar. A depender da empresa, chega-se a um ponto em que por mais que se produzam resultados extraordinários, a remuneração tende a não acompanhar esse desempenho. Na esfera pública isso é mais acentuado ainda, uma vez que não há resultados financeiros mensuráveis.

Voltando ao livro "Os Segredos das Mentes Milionárias", o autor traz o seguinte ensinamento: "As pessoas ricas preferem ser remuneradas por seus resultados. As pessoas de mentalidade pobre preferem ser remuneradas pelo tempo que despendem". O autor afirma ainda que "Não há nada errado em ter um contracheque estável, a não ser que ele interfira na capacidade que você possui de ganhar o que merece. É nesse ponto que está o problema: ele geralmente interfere.". Diz ainda que  as pessoas ricas escolhem ser remuneradas pelos resultados que produzem, sendo assim costumam ter o seu próprio negócio e tiram os seus rendimentos dos lucros que obtêm. O livro "Adeus, Aposentadoria!", do Gustavo Cerbasi, também traz muito forte esse conceito do empreendedorismo como forma de ganhos financeiros e satisfação pessoal.

Então, será que é hora de pensarmos em ficar ricos? Em investirmos em iniciativas empreendedoras (seja de que tipo for) e potencializarmos nossa independência financeira? Podemos como assalariados pensar em iniciativas empreendedoras paralelamente ou seria matar o pouco tempo livre que temos? Será que vale a pena o sacrifício para conseguir isso?

Por outro lado, devemos então continuar focando em cortar as despesas pessoais e tentar aportar parte de nossos salários para que no futuro possamos viver com conforto e pagar nossas contas sem precisar trabalhar?

Eu pessoalmente estou bastante inclinado a acreditar nos ensinamentos de T. Harv Eker....e você?

Abraços,

Ministro